HEBRON Atualidades 52 - Julho-Agosto/2011
30 // Hebron Atualidades Hebron Atualidades // 31 Casuística e métodos Este foi um estudo multicêntrico, aberto, conduzido em 17 centros de urologia. O protocolo de estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética de cada centro e todos os pacientes forneceram o consentimento informado por escrito. Foram incluídos no estudo 142 pacientes commais de 50 anos de idade, comdiagnóstico de HPB sintomática realizado através do toque retal, pontuação I-PSS ³ 8 e taxa de fluxo urinário £ 12 ml/s para volume urinário ³ 150 ml. Não foram acei- tos pacientes com câncer prostático, HPB necessitando de cirurgia e pacientes com histórico de cirurgia ou com outras patologias da bexiga ou uretra. Não foram incluídos pacientes que haviam recebido nos 30 dias anteriores ao tratamento medicamentoso drogas com ação sobre a função urinária, especialmente hormônios, a-bloqueadores e inibidores da 5-a-redutase. Os pacientes receberam uma cápsula de 160 mg do LSESr (Permixonâ - AstaMédica), a cada 12 horas, durante três meses. Cada paciente foi avaliado antes da inclusão no estu- do e após 90 dias de tratamento pelo mesmo investiga- dor. Nestas visitas, além do exame físico, foi realizada a urofluxometria, determinado o I-PSS e foi solicitado aos pacientes que completassem o questionário sobre qua- lidade de vida. Alémdisso, emambas visitas foi coletado sangue para determinação do PSA. Os resultados do I-PSS, QV, fluxo urinário e PSA, ob- tidos na última visita, foram comparados aos resultados basais, utilizando-se o teste “t” de Student pareado. O nível de significância adotado foi 0,05 (a = 5%). Níveis descritivos (p) inferiores a esse valor foramconsiderados significantes. Resultados Um total de 142 pacientes que obedeceram os crité- rios de inclusão e exclusão foi incluído no estudo. Amédia da idade foi 63,28 ± 8,09 anos, com variação de 50 a 85 anos. Ogrupo étnico predominante foi branco (88,03%) e a situação sócio-profissional mais frequente foi a de aposentado (57,75%). Durante o estudo, 12 (8,43%) pacientes foramexcluídos. Destes, somenteuma exclusão (0,70%) deveu-se à resposta insuficiente, 1 (0,70%) por reação adversa, 1 (0,70%) por doença intercorrente, 3 (2,11%) por perda de“follow-up”e 6 (4,22%) por decisão dopaciente e por outras razões. Amédia do I-PSS na visita pré-tratamento foi de 17,43 ± 5,59 e na visita final foi de 10,89 ± 5,77.A diminuição do I-PSS total com relação ao valor basal foi de 37,52% (p < 0,0001) após 90 dias de tratamento (Gráfico 1). TRABALHO CIENTÍFICO // Introdução A Hiperplasia Prostática Benigna (HPB) é uma das moléstiasmais comuns do homemcommais de 50 anos de idade. Desconsiderando os parâmetros objetivos como o tamanho da próstata, taxa de fluxo urinário e volume residual, os sintomas individuais, particularmente a nictúria, polaciúria e disúria, causam algumas vezes considerável desconforto aos pacientes. Existem várias opções para o tratamento da HPB. Apesar de a ressecção prostática transuretral (RTUP) ser o“tratamento padrão”nos casos avançados, nos estádios mais precoces uma abordagem livre de tratamento, so- mente de observação, é frequentemente defendida. No entanto, em decorrência dos sintomas interferirem na qualidade de vida, um número expressivo de pacientes com HPB estádios I e II precisam de tratamento clínico. Para isto existemvárias categorias de drogas disponíveis: os inibidores da 5-a-redutase (p. ex.: finasterida) que atu- am sobre o metabolismo dos androgênios da próstata, inibindo significativamente a formação de diidrotestos- terona (DHT). Sua desvantagemestá na redução conside- rável dos níveis de PSA em 50%do seu valor, importante no diagnóstico de neoplasias prostáticas e no fato de poder causar prejuízo na ereção. Outra categoria é a dos a-1-bloqueadores seletivos da próstata (p. ex.: prazosim, terazosim, alfuzosina) que agem rápida e eficazmente nos receptores a-1-adrenérgicos prostáticos, mas emde- corrência de seu efeito hipotensor, eles podemacarretar problemas, especialmente nos idosos. Em adição a estes agentes, extratos de plantas, particularmente o extrato lipidoesterólico da Serenoa repens (LSESr), têm sido usa- dos já há algum tempo no tratamento da HPB. Para estes produtos foram sugeridos vários mecanismos de ação, por exemplo, foi demonstrada inibição de ambos os tipos de 5-a-redutase, e umefeito sobre a formação do edema prostático. Presume-se que estes produtos tenham uma ação multifatorial(1-6). O LSESr teve sua eficácia clínica demonstrada emvários estudos controlados(7-10), inclu- sive numestudo comparativomulticêntrico internacional que recrutou 1.098 pacientes e cuja droga de controle foi a finasterida(11). O objetivo do presente estudo foi o de investigar a eficácia e a tolerabilidade do LSESr administrado sob a formade cápsulas de 160mga cada 12horas, durante três meses, a pacientes ambulatoriais com HPB sintomática. Avaliação multicêntrica da eficácia e tolerabilidade do extrato lipidoesterólico de Serenoa repens em pacientes com Hiperplasia Prostática Benigna sintomática Efficacy and tolerability of the extract of Serenoa repens in a multicentric study in patients with symptomatic Benign Prostatic Hyperplasia Orlando Hugo Praun Jr. Professor titular de Urologia do Curso de Medicina da FURB - Universidade Regional de Blumenau - SC. Amaury Siqueira Medeiros Hospital Universitário Osvaldo Cruz - UFPE. Carlos B. M. Verona Instituto de Urologia e Nefrologia de São José do Rio Preto - SP. Demerval Mattos Jr. Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo - SP. Eduardo Gouveia e Silva Hospital Universitário Pedro Ernesto - UERJ. Gilvan N. Fonseca Centro de Urologia do HC da FMUFGO. Unitermos: extrato lipidoesterólico de Serenoa repens, Hiperplasia Prostática Benigna (HPB), eficácia, tolerabilidade. Unterms: lipido-sterolic extract of Serenoa repens, Benign Prostatic Hyperplasia (BPH), efficacy, tolerability. TRABALHO CIENTÍFICO // Quanto ao Índice de qualidade de Vida relacionado aos sintomas urinários, houve umamelhora de 38,6% (p< 0,0001) (Gráfico 2) na pontuação do questionário que atribuía nota 6 para a pior qualidade e 1 para a melhor. A média pré-tratamento deste índice foi de 3,55 ± 1,42 e pós-tratamento de 2,18 ± 1,36. Gráfico 1 - Evolução do I-PSS médio antes e após 90 dias de tratamento comextrato lipidoesterólico de Serenoa repens. Gráfico 2 - Evolução da pontuação média do questionário de qualidade de vida antes e após 90 dias de tratamento com extrato lipidoesterólico de Serenoa repens. Amédia do fluxo urinário emml/s foi de 8,86 ± 2,63 no início e de 10,81% ± 4,13 ao final do tratamento. Houve um aumento de 22% (p< 0,0001) (Gráfico 3) do fluxo uri- náriomedido pela urofluxometria ao final do tratamento.
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