HEBRON Atualidades 52 - Julho-Agosto/2011

RESPONSABILIDADE SOCIAL // DOUTORES DA ALEGRIA RESPONSABILIDADE SOCIAL // DOUTORES DA ALEGRIA 10 // Hebron Atualidades Hebron Atualidades // 11 benefícios: todos redescobrem a importância de brincar e o ambiente se torna mais leve e menos formal. A relação entre pais, médicos e crianças fica mais humana e afetiva. Números Em 20 anos de atuação, os palhaços da trupe Doutores da Alegria já visitarammais de 550 mil crianças e adolescentes hospitalizados, atingindo, também, cerca de 600 mil familiares e envolvendo mais de 13 mil profissionais de saúde. Hoje, a organização está presente em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Belo Horizonte, e conta com uma equipe de mais de 20 funcionários e colaboradores nas áreas de pesquisa, formação, gestão, administração e mobilização, e cerca de 60 artistas que atuam em dezoito hospitais. Desses artistas, onze participam também da gestão da ONG. Sistematização e difusão do conhecimento Além do pioneirismo no país com o trabalho nos hospitais, a organização também é precursora no que se refere à sistematização e difusão do conhecimento obtido neste trabalho, ao estudo das relações entre arte e ciência e do universo do palhaço como um todo. Assim, o Doutores da Alegria tem, hoje, cursos e publicações que atingem um público amplo que vai de jovens aprendizes a estudantes universitários e empresários, além de espetáculos adultos e infantis e palestras para empresas e escolas, em que se evidencia o poder da criatividade e da alegria como força transformadora de obstáculos em recursos. Desde 2004, o Doutores da Alegria realiza em São Paulo um programa de formação e inclusão social que visa capacitar jovens entre 17 e 23 anos em artes cênicas e na linguagem do palhaço. O programa oferece aulas diárias e tem duração de dois anos. Em 2007, a organização lançou o programa “Palhaços em Rede”. O programa oferece orientação a pessoas ou grupos selecionados por meio de edital público, ao mesmo tempo em que reforça a identidade de cada um dos participantes. Mesmo que os doutores procurem amenizar a dor com as brincadeiras, o objetivo é outro: criar um ambiente leve e agradável para maximizar a resposta ao tratamento. O palhaço, nesse caso, é muito mais do que um rosto pintado, ou um número de mágica para impressionar. Na verdade, eles são os únicos atores que trabalham desejando que o seu público levante da plateia e vá para casa apresentava-se numa comemoração, num hospital daquela cidade, quando pediu para visitar as crianças internadas que não puderam participar do evento. Improvisando, substituiu as imagens da internação por outras alegres e engraçadas. Essa foi a semente da Clown Care Unit™, grupo de artistas especialmente treinados para levar alegria a crianças internadas em hospitais de Nova Iorque. Em 1988, o ator e palhaço brasileiro Wellington Nogueira passou a integrar a trupe americana. Voltando ao Brasil, em 1991, resolveu tentar aqui um projeto parecido, enquanto colegas faziam o mesmo na França (Le Rire Medecin) e Alemanha (Die Klown Doktoren). Em setembro daquele ano nasceu o Doutores da Alegria. Os Doutores da Alegria são atores profissionais especializados nas áreas de teatro clows (palhaço – em inglês) e técnicas circenses. Tais artistas são escolhidos por meio de uma seleção rígida, levando-se em consideração a sensibilidade, profissionalismo, talento, criatividade, dedicação e habilidade dos candidatos. Após a seleção, todos passam por um treinamento específico de três meses – um mês de familiarização com os procedimentos hospitalares e dois meses práticos de aprendizado do método de trabalho do Doutores da Alegria, segundo as normas da Clown Care Unit™. Apesar do Doutores da Alegria não possuir fins lucrativos, o trabalho não é voluntário, pois, de acordo com os princípios do projeto, é impossível conseguir o comprometimento de uma equipe de profissionais com carga exigida pelo programa sem remuneração adequada. A entidade tem como base a arte do palhaço. Os artistas visitam os leitos das crianças em duplas, durante seis horas, duas vezes por semana. Depois de seis meses, as duplas visitam outro hospital. Assim, com brincadeiras, mímica, mágica e malabarismos, o grupo colabora com o tratamento e recuperação dos pacientes. Segundo Morgana Masetti, psicóloga do Doutores da Alegria, as crianças visitadas pelos “clowns” tornam-se mais alegres e menos ansiosas. Apresentam ma i or co l aboração com tratamentos e exames, adquirem imagem mais positiva da hospitalização, acelerando a recuperação pós-cirúrgica e melhorando a c omu n i c a ç ã o e o comportamento. A equipe médica também obtém histórias engraçadas. Na década de 1970, surgiram os primeiros estudos relacionando humor e saúde. Em 1979, o editor americano Norman Cousins ganhou notoriedade ao publicar “A Anatomia de uma Doença”. Este livro conta como Cousins superou uma grave doença degenerativa na coluna vertebral através da alegria de viver. No mundo atual, a utilização do humor como forma de terapia popularizou-se com o doutor americano Hunter Patch Adams, cuja história foi contada no filme “Patch Adams: O amor é contagioso”. Sua determinação é um exemplo que se alastrou pelo mundo e inspirou a criação de instituições ou grupos voluntários que utilizam a mesma técnica de trabalho. No Brasil, há vários grupos que utilizam o humor como cura ou terapia de doenças. O primeiro deles foi o Doutores da Alegria. Doutores da Alegria Em 1986, Michael Christensen, um palhaço americano, diretor do Big Apple Circus de Nova Iorque, D esde a entrada na pediatria do hospital é possível escutar os risos dos pequenos pacientes. Isto só pode significar uma coisa: os Doutores da Alegria chegaram! Com rostos pintados, narizes vermelhos, roupas de palhaço e tendo como lema “o engraçado é que é sério”, atores visitam hospitais procurando levar sorrisos para os doentes. Fundada como uma organização civil sem fins lucrativos, o Doutores da Alegria segue a filosofia da “besteirologia”, uma maneira de propagar a alegria e amenizar a dor de jovens pacientes através da arte da palhaçada. Humor como terapia Bom humor e brincadeiras são usados no tratamento de doenças desde a Grécia Antiga. Em Atenas, havia o Santuário de Asclépio, onde os doentes assistiam a espetáculos de comediantes, musicais e peças de teatro. Médicos do século XVI diziam que “a alegria dilata e aquece o organismo, já a tristeza contrai e esfria o corpo”. Era comum receitarem a doentes ler e ouvir Com rostos pintados, narizes vermelhos e roupas de palhaço, o Doutores da Alegria visita hospitais procurando levar sorrisos para os doentes // Por Vivianne Santos Terapia do riso // Doutores da Alegria Site: www.doutoresdaalegria.com.br www.doutoresdaalegria.org.br

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