HEBRON Atualidades 51 - Maio-Junho/2011
28 // Hebron Atualidades Hebron Atualidades // 29 TRABALHO CIENTÍFICO // levantar as causas, descobriu que, das 400 famílias pesquisadas, 91,9% se automedicavam com ervas e 46,6% as cultivavam nos quintais. Dados da Assoc. Brasil. da Ind. Farm. apontam que as vendas de me- dicamentos sintéticos cresceram 16% naquele ano, enquanto o consumo de fitoterápicos subiu 20%. Tanto assim que a CEME, central de medicamentos da época, financiava pesquisas em universidades. Muitos médicos acreditam que o uso de fitoterápicos pode reduzir à metade os gastos da população com medi- camentos com resultados semelhantes aos alopáticos. Fitoterapia Fitoterapia é o tratamento com ervas. O tratamento com fitomedicamentos é muito uti- lizado em todo mundo. São inúmeros os medicamen- tos fitoterápicos e sua produção está cada vez maior, ocupando importante espaço comercial, com destaque para a Europa. Muitas vezes são vendidos com a ima- gem de produtos inofensivos à saúde. A realidade é bem diferente. A substância derivada de planta não é inócua, podendo ser terapêutica em uma determinada dose e nociva em outra. A interação de fitomedicamentos industrializados com medicamentos alopáticos frequentemente utili- zados, tem sido matéria de grande interesse médico (Lancet 2000; 355: 134-38). O produto natural pode ter uma ação quando ana- lisado em laboratório (“ in vitro ”) e outra diferente no organismo (“ in vivo ”). Outro problema muito comum é a venda de pro- dutos com rótulo de produto derivado de ervas, mas que contém na sua fórmula também substâncias quí- micas associadas, como, hormônio, anti-inflamatórios, analgésicos, etc. Recentemente a Organização Mundial de Saúde criou um centro que vai monitorar, testar e aprovar medicamentos derivados de ervas. Há recomendação para que setores ligados à medicina tradicional cola- borem com os setores alternativos. A medicação que realmente seja atuante e produza resultados positivos deve ser prestigiada. Estão sendo analisados fitomedi- camentos em diferentes países, inclusive no Brasil, no sentido de se verificar sua eficácia. Óleos essenciais A ação terapêutica das plantas é exercida por meio de substâncias que são identificadas como princípios ativos. Estes princípios ativos podem ser solúveis em água, óleo ou solventes orgânicos, entre estes estão os óleos essenciais. Normalmente os óleos essenciais são compostos orgânicos voláteis das plantas, extraídos por destilação a vapor ou extração por solventes voláteis das folhas, flores, etc. Outro método empregado é o de prensa manu- al, especialmente para frutas cítricas como: limão, la- ranja, “grapefruit”, bergamota e tangerina, indicados principalmente para uso oral. ”Enfleurage” é o método utilizado para a obten- ção de finas fragrâncias como rosa, jasmim, gardênia, flor de laranjeira, angélica e outras, sob a forma de óleos absolutos muito concentrados. A quantidade de plantas versus quantidade de es- sência produzida é muito grande, podendo ser neces- sários, por exemplo, mais de 1000 kg de pétalas de rosas para produzir 1 litro de óleo. As essências podem ser incolores ou coloridas, são solúveis apenas em álcool, éter e óleos vegetais, po- dem manchar tecidos e são inflamáveis. Propriedades terapêuticas Os óleos essenciais atuam sobre a harmonia e saú- de dos corpos físico, mental e emocional. No corpo físico, o poder de penetração e atuação dos óleos é muito grande, e muitas vezes sua ação varia de acordo com a dose prescrita. Possuem atuações: • No campo fisiológico: ação carminativa, anties- pasmódica e digestiva, combatendo a prisão de ventre, diarreia, flatulência e má digestão. • No sistema cardiovascular, pode atuar como hipertensor, hipotensor, vasoconstrictor e anties- pasmódico. • No sistema linfático, são poderosos antissép- ticos. • No sistema respiratório, exibem ação antissépti- ca, antiespasmódica e expectorante. • Os óleos também agem no sistema urinário como diurético, na eliminação de cálculos renais e no tratamento de infecções e disfunções uriná- rias, como antisséptico. • Também são utilizados para tratamento de im- potência e frigidez, doenças sexualmente trans- missíveis, etc. Os afrodisíacos mais notáveis são jasmim e ilangue-ilangue. • Sua função endócrina envolve a estimulação de glândulas para a produção de hormônios e a atu- ação de alguns óleos como hormônios. Considerações sobre Mentha piperita L. A Mentha piperita é um vegetal de nome popular conhecido como hortelã pimenta, pertencente a fa- mília Lamiaceae . Tem como habitat natural a América do Sul. Partes utilizadas Folhas. Descrição É uma planta vivaz, de 40 a 80 cm de comprimen- to, com folhas opostas, oval-laceoladas, serradas de cor verde escura. Flores lilases, em forma de espiga, cilín- drica, terminal, exalam aroma característico. Cálice tu- buloso, de 5 dentes quase iguais. O fruto é constituído por 4 aquênios. Indicações de uso A Mentha piperita tem entre as suas várias indica- ções, aliviar e/ou coadjuvar tratamentos para icterícia, insuficiência hepática, azia, má digestão, congestão, gases, gastralgia, cólicas intestinais e menstruais. Utilizada em crianças para controle de diversas pa- tologias bem como os processos espásticos, flatulência, dada a sua ação carminativa. Informações técnicas O extrato fluido/seco obtido de folhas e caules contém flavonóides, ácidos fenólicos e óleo essencial (1 a 3%). O óleo essencial é constituído de mentol e deriva- dos triterpenos. Esse grupo de substâncias atua como antiespasmódico, colerético, colagogo e carminativo. Ação farmacológica Sua ação farmacológica deve-se principalmente aos óleos voláteis produzindo uma potente ação espasmolí- tica com relaxamento da musculatura lisa. Os flavonói- des também contribuem para a atividade espasmolítica e os ácidos fenólicos para o efeito colerético e colagogo. Contraindicações Não são conhecidas, até o momento, contraindica- ções para o uso da Mentha piperita . Precauções e advertências A Mentha piperita não requer precauções na sua utilização, excetuando-se nos pacientes com cálculos ve- sicais devido ao efeito colagogo. Interações medicamentosas A Mentha piperita não interage com outros fárma- cos. É recomendável não fazer uso de bebidas alcoólicas durante o tratamento. Indicações terapêuticas A Mentha piperita está indicada como carminativo (alívio das cólicas e flatulência) e expectorante. Conclusão A Mentha piperita é um fitomedicamento com ação comprovada nas indicações já descritas, observando seus benefícios: • Alivia rapidamente as cólicas intestinais • Relaxa a musculatura lisa demonstrando seu efeito espasmolítico • Tem ação colerética e colagoga • É bem tolerada, mesmo em tratamentos prolongados • Não interage com outras substâncias • É de fácil posologia. // Bibliografia 1 - 1. Ações Integradas de Saúde - A Criança e a Família - 1ª.Ed. – 1994; 2 - F. J. Abreu Matos, Farmácias Vivas, UFC Edições, 3ª edição, Fortaleza, 1998 3 - Fitoterapia, Vademecum de Prescripción. Plantas Medicinales, Editora Masson, 3ª Edição, Barcelona, 1999/2000 4 - Guyton & Hall Tratado de Fisiologia Médica 9º edição. 5 - Isselbacher, Braunwald, Wilson, Martin, Fauci, Kas- per Harrison´s Principles of Internal Medicine Volume 1 6 - Isselbacher, Braunwald, Wilson, Martin, Fauci, Kas- per Harrison´s Principles of Internal Medicine Volume 2. 7 - John Lust The Herb 8 - King´s American Dispensatory. By Harvey Wickes Felter, M.D., and John Uri Lloyd, Phr. M., Ph. D., 1898. 9 - Manual de Taxonomia Vegetal, Irina Delanova, Edi- tora Agronômica Ceres, São Paulo, 1976 10 - Matos, F.J.A., 1995. Obs. Pessoais 11 - The Ecletic Materia Medica, Pharmacologist and Therapeutics by Harvey Wickes Felter, M.D., 1992. TRABALHO CIENTÍFICO //
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