HEBRON Atualidades 51 - Maio-Junho/2011

22 // Hebron Atualidades Hebron Atualidades // 23 CAPA // // CAPA Síndrome de Down Objetivamente, o risco de uma gestante com 35 anos ter um bebê com Síndrome de Down está em torno de 0,4% (programa de cálculo de risco da Fetal Medicine Foundation). Isto significa uma chance de 99,6% da criança não ter a doença. “A chance é mais prevalente após os 35 anos, quando começa a mudar o perfil epidemiológico. Lembrando que, mesmo com o início dessa mudança, ainda continua sendo mais provável que a mulher venha a gerar um bebê normal. As gestantes com mais de 40 anos podem ter maior risco”, diz João Félix Dias. O obstetra sugere que o casal converse com um profissional sobre o assunto no momento em que a gravidez está sendo planejada. “Na pré-concepção pode ser discutida a possibilidade de lançar mão da reprodução assistida, onde pode ser trabalhada a questão e realizar a transferência de embrião analisa- do previamente pela técnica de análise pré-implanta- cional, na qual será possível diagnosticar a tempo se o embrião é geneticamente perfeito”. Tipos de parto Segundo estatísticas, o número de cesáreas é maior do que o de partos normais em gravidezes tardias. Isto ocorre, principalmente, por ansiedade materna – mui- tas estão tendo seu primeiro filho, nada pode dar erra- do. Sem falar que não suportariam esperar horas, com tranquilidade, pelo trabalho de parto. No entanto, não há nenhuma contraindicação para o parto normal, in- dependente da idade da mãe. João Félix Dias salienta que o parto normal tem uma série de benefícios para a mulher e para o bebê. “Dentre os benefícios para a mãe poderíamos citar a recuperação no pós-parto mais rapidamente. O con- tato com o recém-nascido é mais intenso e mais pre- coce. E a amamentação também. Há, ainda, o menor tempo de incapacitação para o exercício profissional (profissionais liberais, muitas vezes, precisam voltar mais rapidamente à ativa). Do ponto de vista pessoal, as vantagens estão relacionadas ao crescimento como pessoa, passagem para outro patamar de realização, autoconfiança e superação de um limite. Para o bebê, o nascimento pela via vaginal propiciará um estímulo sensorial muito maior de todas suas terminações ner- vosas superficiais. Acredita-se que a passagem pelo estreito canal do parto provoque massagem do tórax, favorecendo a saída do líquido amniótico, a expansão dos pulmões e o mecanismo de trocas gasosas imedia- tas necessárias para a oxigenação do recém-nascido”. O ideal é a gestante procurar se informar sobre os benefícios dos tipos de parto e estar sempre em dia com os exames requisitados pelo seu médico. Então, poderá decidir, com seu obstetra, qual o parto mais indicado de acordo com seu histórico gestacional. Infertilidade Como foi dito anteriormente, de acordo com o es- tudo publicado no Public Library of Science One , após os 30 anos, as mulheres já utilizaram cerca de 90% de sua “reserva ovariana”, isto é, quase todo o potencial de óvulos que possuem desde o nascimento - em mé- dia, 300 mil óvulos. Aos 40 anos, sua reserva de óvulos cai para 3%. Logo, é comum algumas sofrerem de in- fertilidade, sendo necessário recorrerem a técnicas de fertilização. Hamish Wallace, um dos cientistas envolvidos na pesquisa, afirma que muitas mulheres se enganam por pensarem que, por continuarem a produzir óvulos, sua fertilidade mantém-se intacta, se encerrando apenas com a menopausa. O declínio, na verdade, ocorre mês após mês. A pesquisa constatou, ainda, que há diferenças no- táveis na capacidade das mulheres produzirem óvulos, pois algumas nascem com cerca de 3,5 milhões de po- tenciais óvulos e outras com apenas 35 mil. É impor- tante que as mulheres tenham consciência que cada organismo possui suas particularidades. A pesquisa coletou informações sobre 325 mulheres europeias e americanas de diferentes idades. Quando recorrer à fertilização Embora o fantasma da infertilidade ronde mais fre- quentemente as mulheres, os homens também não estão imunes ao problema, ao contrário, a incapacida- de que um casal apresenta para gerar um filho é de- corrente, em 30% dos casos, de algum problema do homem, em outros 30%, da mulher e, em 40% das vezes, de ambos. Logo, ao perceber que está tendo dificuldades para conceber, é importante que o casal, e não apenas a mulher, procure orientação médica. Então, o profissional irá, a partir dos exames realiza- dos, constatar se o casal necessita ou não recorrer a técnicas de fertilização. “A indicação da fertilização pode ser tanto mas- culina como feminina. Na mulher, a indicação pode ser por obstrução das trompas, endometriose, risco de uma gestação tubária, idade avançada, pesquisa de doenças genéticas, dentre outras. No homem, nas alterações de número e qualidade dos espermatozói- des, nos quais são insuficientes para uma inseminação artificial”, explica Luiz Fernando Dale, ginecologista, especializado em Reprodução Humana. Inseminação artificial e fertilização in vitro A fecundação é o processo através do qual o es- permatozóide perfura o óvulo formando o zigoto. Quando este processo não consegue ser realizado de forma natural, existe a possibilidade de ser realizado de forma artificial. Duas formas clássicas de fecunda- ção artificial são a inseminação artificial e fertilização in vitro . A inseminação artificial consiste, basicamente, em cortar o caminho percorrido pelos espermatozói- des. O sêmen é coletado e introduzido diretamente na cavidade uterina. Já na fertilização in vitro , a origem da vida se dá fora do corpo da futura mãe. “Na fertili- zação in vitro dita convencional retiramos os óvulos e colocamos em cultura com espermatozóides, em am- biente adequado”, explica Dale. A fertilização in vitro é utilizada quando a mulher fez ligamento de trompas e se arrepende ou quando tem problemas como a endometriose - presença de endométrio (revestimento interno do útero) em locais fora do útero, impedindo a fecundação. São usadas, então, drogas que estimulam a produção de mais de um óvulo por ciclo. Estes óvulos são aspirados por uma agulha e colocados em uma substância cheia de nu- trientes, para mantê-los vivos. Então, os espermatozói- des são colocados no mesmo recipiente, para que haja a fecundação. Após ocorrer a fertilização e divisão ce- lular, o embrião é colocado no útero da mulher. Sucesso na fertilização Casais jovens com dificuldades de ter filhos de- vem ser advertidos de que as probabilidades de su- cesso de um tratamento de fertilidade são maiores se a mulher ainda não tiver chegado aos 30 anos. Em geral, mulheres saudáveis com até 30 anos têm 60% de chances de engravidar, com apenas dois embri- ões (quantidade permitida pelo Conselho Federal de Medicina). Aos 40 anos, a taxa diminui para 20%, mesmo com o uso de quatro embriões (número per- mitido pelo Conselho para esta idade). Isso acontece porque a idade do óvulo é igual a da mulher, ou seja, com o tempo eles sofrem tudo o que a mulher sofreu ao longo da vida: gripes, poluição, estresse etc. Em resumo: quanto maior a idade da mulher, menor a qualidade do óvulo e maior o risco de haver uma divi- são celular errada - o que pode provocar a formação de um embrião com defeito. Segundo Luiz Fernando Dale, as técnicas de fe- cundação artificial variam de mulher para mulher, precisando cada caso ser estudado isoladamente. “Não existe uma técnica mais segura, existe uma técnica indicada para aquele casal com aquele tipo de dificuldade. Se compararmos a inseminação e a fertilização in vitro, esta última oferece uma taxa de gestação o dobro da inseminação. Na fertilização co- locamos o embrião e na inseminação os espermato- zóides e supomos que a fertilização ocorrerá”. A medicina reprodutiva tem um arsenal de téc- nicas e procedimentos que resolvem muitos casos de infertilidade, mesmo os mais severos. Ao mesmo tempo em que estas técnicas são importantes para proporcionar à mulher infértil a chance de realizar o sonho de ser mãe, fazem com que mulheres fér- teis protelem ao máximo a maternidade em favor da carreira, por exemplo. O sucesso profissional é um sonho legítimo e que deve ser buscado, porém espe- cialistas recomendam: se quer fazer o melhor por si, tente ajustar seus projetos de vida para compatibili- zar a gestação com as idades mais ideais, de menores riscos, entre 25 e 28 anos / / João Félix Dias – CRM 2565 Graduado em medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Univer- sidade Federal de Mato Grosso. Possui residência médica em gineco- logia e obstetrícia e título de especialista em ginecologia e obstetrícia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia – FEBRASGO. E-mail: jfelixd@terra.com.br / / Luiz Fernando Dale – CRM 52.26595-0 Diretor do Centro de Medicina da Reprodução do Rio de Janeiro, clínica pioneira, no Rio de Janeiro, e uma das primeiras do Brasil (1988). Membro da American Society for Reproductive Medicine. Membro da European Society of Human Reproduction. Membro da diretoria da Sociedade Brasi- leira de Reprodução Assistida. E-mail: dale@clinicadale.com.br ”É importante planejar a gravi- dez e ter uma boa avaliação clí- nica previamente. Caso possua doenças crônicas, controlá-las antes e ter o aval de seu clínico liberando-a para a gestação” João Félix Dias “Não existe uma técnica de fer- tilização mais segura, existe uma técnica indicada para aquele casal com aquele tipo de dificuldade” Luiz Fernando Dale

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