HEBRON Atualidades 51 - Maio-Junho/2011

20 // Hebron Atualidades Hebron Atualidades // 21 S er mãe ou ser uma mulher com sucesso profissional e independência financeira? Hoje em dia, para a maioria das mulheres, estas são duas opções incapazes de caminha- rem juntas. No desafio de conciliar profissão e vida pessoal, as mulheres protagonizam um dos fenômenos sociodemográficos mais marcantes dos últimos 30 anos: o “enve- lhecimento” da maternidade. Para alcançar o sucesso profissional, as mulheres se veem “obrigadas” a adiar ou abrir mão de outros sonhos, como o de ter filhos. E o que antes era exceção vira regra: engravidar, só após os 30 anos. João Félix Dias, ginecologista e obstetra, atribui à vida moderna esta mudança de comportamento das mulheres em relação à maternidade. “Com a mu- dança dos padrões culturais, a mulher avançou para horizontes antes não vislumbrados, deixaram de ser apenas donas de casa. Estão ocupando todos os es- paços. Estão vivendo uma vida mais corrida e que as incompatibilizam para o exercício da maternidade. Por isso, o filho tão desejado tem ficado para depois da faculdade, depois da carreira, depois da consolidação de seu nome no mercado de trabalho etc.” Gravidez tardia Muitas pessoas podem achar normal a ideia de ter filhos mais tarde, mas fisiologicamente o adiamento da gravidez é considerado um problema. No passado, as mulheres viviam sua primeira gravidez logo após os 20 anos – muitas, bem antes. Hoje, pensam ter o primeiro filho após os 30 anos. Contudo, apesar de te- rem conquistado a igualdade em relação aos homens em várias áreas, no campo da reprodução humana não há como se igualarem. Os homens possuem gran- de vantagem sobre elas. A mulher nasce com um estoque fixo de células, que, mês após mês, ao longo de seus ciclos de fertili- dade, são capazes de se transformarem em óvulos. Por volta dos 45 anos, este estoque de óvulos está com- pletamente zerado, é quando sobrevém a menopausa e a mulher fica impossibilitada de gerar filhos natural- mente. Porém, nos dez anos anteriores, os óvulos re- manescentes, já envelhecidos, enfrentam dificuldades para cumprirem sua função. Logo, após os 35 anos, a chance de gravidez se reduz dramaticamente, ano a ano, até se tornar meramente acidental. Sem falar que a gravidez fica cada vez mais problemática. De acordo com um estudo conjunto entre as Uni- versidades de St. Andrews e de Edimburgo, na Escó- cia, e publicado, em 2010, no Public Library of Science One , a dificuldade em engravidar depois dos 30 anos se deve ao fato de que, nesta idade, a mulher já uti- lizou quase 90% da sua reserva de óvulos. Como as taxas de sucesso nas tentativas de engravidar come- çam gradualmente a cair após os 30 anos, tendo uma redução ainda maior após os 35, vários casais cogi- tam recorrer às técnicas de fertilização para realizar o sonho de ter filhos. A medicina reprodutiva possui um arsenal de técnicas e procedimentos que resolvem muitos casos de infertilidade. Cuidados Não só a mulher, mas o ser humano, de modo ge- ral, tende a apresentar os indícios do desgaste do tem- // Por Fernanda Araruna CAPA // // CAPA O “envelhecimento” da maternidade Muitas pessoas podem achar normal a ideia de ter filhos após os 30 anos, mas fisiologicamente o adiamento da gravidez é considerado um problema po. “Invariavelmente as doenças estarão rondando as pessoas, principalmente se a vida foi mais extravagan- te, com hábitos lesivos para a máquina humana, como tabaco, alcoolismo, drogas lícitas e ilícitas, vida sexual desregrada, descontrole alimentar etc. Assim, algumas doenças chamadas crônicas e degenerativas podem começar a dar sinais. O histórico familiar de doenças pode ajudar a guiar nesse sentido. Por exemplo, fa- mília com histórico de menopausa precoce, a mulher tende a ter maior risco dessa manifestação”, explica João Félix Dias. É importante que toda mulher saiba que, apesar das dificuldades para engravidar tardiamente existi- rem, não é necessário ficar apreensiva ou desanimada. Há hábitos que podem ser adotados para ter sucesso na concepção, além de serem ótimos para a saúde fí- sica de qualquer pessoa. Em primeiro lugar, possuir uma autoestima elevada e acreditar que conseguirá atingir seu objetivo fará com que tudo ocorra com mais facilidade. Outros hábitos são: manter a forma - a obesidade aumenta o risco de infertilidade, além de poder gerar complicações durante a gestação; parar de fumar, o cigarro envelhece os óvulos em até 10 anos; e evitar o estresse, que, quando elevado, pode influenciar, diretamente, nas questões da fertilidade. O obstetra indica alguns cuidados que as mulhe- res precisam ter com a gestação tardia. ”É importante planejá-la e ter uma boa avaliação clínica previamen- te. Caso possua doenças crônicas, controlá-las antes e ter o aval de seu clínico, liberando-a para a gestação. Se não for portadora de doença crônica, buscar uma boa avaliação ginecológica prévia e fazer uma série de exames pré-concepcionais”. Em relação às doenças crônicas, o médico afirma que as mais prevalecentes são diabetes e hipertensão. Podendo haver, ainda, dis- túrbios da tireóide, doenças reumáticas, como as do grupo das colagenoses. O mais prevalente é o lúpus.

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