HEBRON Atualidades 51 - Maio-Junho/2011
12 // Hebron Atualidades Hebron Atualidades // 13 // Por Dênia Sales / / ONG Recriar: Família e Adoção Site: www.projetorecriar.org.br Tel: (41) 3264 4412 RESPONSABILIDADE SOCIAL // ONG RECRIAR “A ONG Recriar: Família e Adoção é uma organização não governa- mental que atua na busca da pro- moção da garantia dos direitos de crianças e adolescentes em situa- ção de acolhimento institucional à convivência familiar e comunitá- ria, conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente”. Lucianne Scheidt RESPONSABILIDADE SOCIAL // ONG RECRIAR uma equipe técnica, para poder construir e estreitar os laços afetivos de forma consciente e saudável. “O valor do afeto na formação do caráter de um indivíduo é inquestionável e o projeto de apadrinha- mento afetivo trabalha nesse sentido, ao possibilitar o vínculo entre a comunidade - através de padrinhos e madrinhas – e as crianças e adolescentes em situação de acolhimento institucional. O estreitamento dos la- ços de amizade, carinho e amor, dentro de uma rela- ção de confiança, faz com que o apadrinhamento afe- tivo ajude a dar um novo significado para esses jovens, sendo importante para a estruturação da personalida- de, identidade e construção de autoestima positiva”, diz Lucianne Scheidt. Como ser um padrinho/madrinha O padrinho ou madrinha afetiva que participa des- te projeto é alguém da sociedade civil que quer auxi- liar e acompanhar a vida de uma criança ou adoles- cente em situação de acolhimento institucional. Eles têm preparação e acompanhamento de profissionais para contribuírem com as crianças e adolescentes abrigados, que, por sua vez, também têm preparação e acompanhamento para estreitar os vínculos com o padrinho/madrinha, auxiliando os envolvidos num re- lacionamento afetivo e social consciente e saudável. “Todos os envolvidos participam de oficinas de esclarecimento e recebem acompanhamento de uma equipe técnica”, elucida Lucianne. Ela explica que há, em várias cidades do Brasil, projetos desse porte. Os interessados podem entrar no site da Recriar (www. projetorecriar.org.br ) e ir até o link ‘Grupos de Apoio’. Lá encontrarão uma lista com o nome e endereço de vários grupos de apoio à adoção cerias com empresas e sociedade civil como um todo, que entendam a urgência desta causa e queiram fazer parte da solução”, ressalta Lucianne. Adoção No Brasil, há quase oito mil crianças destituídas do poder familiar e esperando para serem adotadas, se- gundo dados do último balanço do Cadastro Nacional de Adoção (CNA), realizado pelo Conselho Nacional de Justiça. Das milhares de crianças à espera de ado- ção nos abrigos de todo o País, apenas uma pequena parcela consegue nova família. “Os indicadores de pesquisas mostram que são em torno de 10% as crianças e adolescentes que estão em situação de adoção. Os 90% restantes permanecem nos abrigos até uma possível reintegração à família de origem ou o encaminhamento para uma família subs- tituta. Os projetos trabalhados pela Recriar vêm ao encontro destas dificuldades, para resgatar o direito à convivência familiar e comunitária desses jovens”, afirma Lucianne. “Percebemos com estes dados, a necessidade de trabalhos como o da Recriar e de outros grupos de apoio à adoção, que desenvolvem estratégias para o aprimoramento do Sistema de Garantia de Direitos em que os jovens, ao serem inseridos pela adoção em uma família substituta, estejam gradualmente sendo prepa- rados para esta nova situação e que encontrem neste novo lar, também, uma família preparada, contando com um acompanhamento posterior”, completa. Apadrinhamento afetivo Para os que passam a infância e a adolescência sem referência familiar, apenas uma contribuição fi- nanceira não é suficiente. A principal carência é emo- cional. Neste caso, a solução seria a adoção, mas nem todos que querem ajudar estão preparados para o ato. Como resposta, uma iniciativa simples tem dado resultados gratificantes. Trata-se do apadrinhamento afetivo, no qual o adulto passa a acompanhar o coti- diano da criança, sua rotina escolar, pode levá-la para passear e apoiá-la em momentos difíceis – tudo sem nenhum vínculo jurídico. O apadrinhamento afetivo é uma oportunidade de resgatar o direito da convivência familiar de crianças e adolescentes, oferecendo a oportunidade de se re- lacionar dentro de outro ambiente, com novos exem- plos de participação familiar. O padrinho ou madrinha é alguém que queira auxiliar e acompanhar a vida de uma criança ou adolescente abrigado que tem possi- bilidade remota de inserção em uma família substituta (adoção). Todos os envolvidos participam de oficinas de esclarecimento e recebem acompanhamento de na “reversão” do processo da institucionalização, atra- vés da valorização do ser, na melhoria da autoestima, no rendimento escolar e na promoção da autonomia. São três as linhas de trabalho da instituição: Orienta- ção e Apoio à Adoção – desde 1996; Um Lugar Amigo - Centro de Apoio à Convivência Familiar e Comunitá- ria – a partir de 2009; e Projeto de Apadrinhamento Afetivo – desde 2003. “A Recriar foi a quarta ONG no Brasil e a primeira em Curitiba a criar um site e um es- paço para debater, propor soluções e buscar parcerias para desenvolver uma cultura de adoção consciente, desfazendo mitos e preconceitos”. Entre os anos 1996 e 2007, a Recriar atuou so- mente através de voluntariado, realizando reuniões públicas, jornadas de rua, campanhas e seminários com o apoio financeiro dos mesmos. A partir de 2008, teve sua primeira equipe técnica contratada, com a aprovação pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do Paraná, com recursos do Fundo para a Infância e Juventude (FIA). “Naquele ano, as doações também se diversificaram a partir de vendas de pro- dutos, como camisetas, canecas, artesanato, doações do Imposto de Renda ao Fundo Municipal e Estadual da Criança e do Adolescente. A Recriar continua bus- cando a sua sustentabilidade e, para isso, procura par- E m 1990, a professora Lúcia Helena Kossobudzki iniciou um trabalho de pesquisa, em parceria com uma colega da Universidade Federal do Paraná, sobre “Abandono e Institucionalização de Crianças no Estado do Paraná”, cujos dados foram divulgados, ge- rando interesse na comunidade científica e provocan- do debates através da imprensa. Depois disso, foram produzidos um vídeo e um livro sobre o assunto. Para desenvolver estes trabalhos, a professora foi levada a conviver com crianças em instituições de abrigo, o que a motivou a trabalhar em prol da adoção. Assim, no dia 08 de novembro de 1996, realizou, junto com um grupo da sociedade civil, a primeira reunião do que é hoje o Projeto Recriar: Família e Adoção. “A ONG Recriar: Família e Adoção é uma organiza- ção não governamental que atua na busca da promo- ção da garantia dos direitos de crianças e adolescentes em situação de acolhimento institucional à convivên- cia familiar e comunitária, conforme prevê o Estatu- to da Criança e do Adolescente”, explica a socióloga Lucianne Scheidt, coordenadora do projeto Afeto que Transforma - Preparação de Famílias para a Adoção e para o Apadrinhamento Afetivo. A Recriar, segundo Lucianne, atua para propiciar experiências e referências afetivas que possam auxiliar Pelo direito de viver em família A ONG Recriar: Família e Adoção luta pelo direito de crianças e jovens viverem em família. O apadrinhamento afetivo é uma das maneiras de resgatar esta convivência familiar
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy MzQ2NDM5